Texto da professora Mônica Freitas
Mais uma vez batendo na tecla da Saúde Pública de Apodi, em especial para falar sobre a Maternidade Claudina Pinto.
Li no blog do professor Toinho que um médico especializado em Pediatria, Dr. Ramon faz visitas toda quarta-feira à Maternidade Claudina Pinto, para as mães que dão à luz na referida unidade, uma ação importante no pós-parto, não restam dúvidas. A matéria faz a apresentação da ação desenvolvida pelo referido profissional e faz menção, logo em seguida, de destacar que há dificuldades em realizar um trabalho melhor porque a Saúde Pública passa por isso em todo o Brasil.
É possível observar que as fotos mostram muitas mães sendo orientadas pelo médico e isso, necessariamente me levou a pensar reflexivamente sobre o assunto novamente.
Sabemos que não são poucas as denúncias com referência à maternidade com relação ao atendimento. E ressalto, estas denúncias não são apenas do período administrativo da chamada "Nova Geração". São antigas, e ao que me parece começaram a se intensificar na gestão passada. E infelizmente, só têm piorado a cada dia.
Talvez o professor Toinho tenha toda a razão quando diz que a Saúde Pública no Brasil passa por muitos problemas e que provavelmente isso se reflete em cada município, em cada unidade hospitalar. Porém, há fatos que nos chamam a atenção pelo teor excludente que carregam dentro de um contexto que está sob a determinação dos princípios do SUS, um sistema criado a fim de universalizar e equalizar o atendimento em saúde nos seus mais diversos setores e níveis de complicação: saúde da criança, saúde da mulher, saúde do homem, saúde do idoso, urgência e emergência, baixa, média e alta complexidade.
Dentre tantos fatos que já foram denunciados, tanto na imprensa radiofônica quanto nos blogs e até nas esquinas de ruas e nos mais diversos lugares em que as pessoas se relacionam e contam suas vivências, um deles me chamou a atenção:
Ontem mesmo, dia 23 de abril, no mesmo dia em que a ação é citada, estava ouvindo um programa de rádio e tive o desprazer de ouvir uma senhora telefonar para o locutor e denunciar a história de uma mulher que foi à Maternidade Claudina Pinto, em trabalho de parto e não foi atendida porque ali não havia médico. Teve que ir fazer o parto em Mossoró. Até aí tudo bem. Mas, o mais estranho foi que, depois de está em casa, o bebê recém-nascido necessitou de um atendimento pediátrico, procurou a unidade e não foi atendido. A justificativa dada foi que o mesmo não poderia receber atendimento ali porque nasceu em Mossoró.
Esse fato me fez elaborar muitos, mas muitos questionamentos sobre o atendimento do SUS naquele momento:
• Qual o real motivo do não atendimento?
• Como é que o SUS é Universal se permite esse tipo ocorrência e de EXCLUSÃO?
• Em que se apoia essa determinação?
E depois de saber que havia um pediatra na unidade naquele mesmo dia, as perguntas cada vez mais martelam na mente, e uma delas é essencial ser colocada aqui:
• Qual o embasamento teórico-legal para que um profissional da saúde (em qualquer nível), com um pediatra na unidade de atendimento, informe a um paciente ou responsável por este (em se tratando de criança) que ele não vai poder ser atendido porque a mesma unidade o enviou para nascer em outro lugar e por isto ele não pode ser atendido ali?
Deve haver resposta para esses questionamentos.
Particularmente, independente de que haja culpados ou não, acho um fato lastimável.
Como usuária da maternidade por tantos anos, não há como eu compreender e aplaudir tal situação. Acho que o Conselho Municipal de Saúde (que eu sei que é obrigatório como fiscal da saúde pública) precisa articular meios mais saudáveis de se prestar atendimento de saúde pública em nossa cidade.
Ao colocar os dois fatos: o do pediatra atendendo e o da falta de atendimento, vemos o quanto se dá valor a dicotomias, não sei se em Apodi ou no Brasil inteiro.
Registro isso como cidadã.
Por Mônica Freitas