domingo, 28 de dezembro de 2014

Falta de projetos pode comprometer abastecimento

A falta de gerenciamento mais qualificado para o setor de recursos hídricos no Rio Grande do Norte piora ainda mais o abastecimento dos municípios do interior do estado. Mesmo com a previsão da chegada das águas da transposição do rio São Francisco, o RN não apresenta proposta para utilizar as águas de forma eficaz. Ao contrário da Paraíba e do Ceará, o RN não está se preparando para receber as águas da transposição, maior obra de recursos hídricos do Brasil, que está sendo realizada pelo governo federal para amenizar os efeitos da seca no sertão nordestino. O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (FAERN), 
José Vieira, em entrevista ao programa Bom Dia RN, da Inter TV Cabugi, na última sexta-feira (26), disse que o Estado se mostra deficiente com relação ao gerenciamento dos recursos hídrico. “O Rio Grande do Norte não está preparado para receber essas águas. Precisamos ter um gerenciamento melhor desse setor, fazer a interligação das bacias para aproveitamento dessas águas”, disse ele, citando outros problemas, como a regularização fundiária da segunda etapa do projeto Baixo Açu, que ainda não foi feita, e o projeto de irrigação do Mendubim, que está no PAC. “Era para estarmos produzindo frutas e lá não estão produzindo por falta de regularização fundiária”.

Segundo ele, o projeto prevê que as duas principais bacias hídricas do RN– Apodi/Mossoró e Piranhas/Açu – receberão as águas da transposição para garantir o abastecimento humano e viabilizar a agricultura irrigada em áreas de grande potencial produtivo, como a Chapada do Apodi. O semiárido nordestino enfrenta o terceiro ano seguido de seca e as previsões iniciais para 2015 não são animadoras. No RN, os reservatórios atingiram menor nível dos últimos tempos. A última medição feita pelos técnicos da Secretaria  do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH), em 27 de novembro, mostra a barragem Santa Cruz, em Apodi, com 41,89% da capacidade, que é de 599 milhões de metros cúbicos. A de Umari, em Upanema, tem menos: 36,52%, ou 106 milhões de metros cúbicos. Já a barragem  Armando Ribeiro Gonçalves está com apenas um terço da capacidade. 

Tem hoje 802 milhões de metros cúbicos para atender dezenas de cidades que são abastecidas através de adutoras. Pelo menos 20 dos 38 reservatórios nas bacias dos rios Apodi e Piranhas, estão com volume abaixo de 10%, entre eles o Itans, em Caicó, e o Gargalheiras, em Acari. As medições feitas no final de novembro e início de dezembro mostram que os reservatórios dessas duas bacias estão com 1,2 bilhão de metros cúbicos, 30,9% de um total de 4 bilhões.

FABIANO SOUZA
Da Re­da­ção
fabianosouz@hotmail.com
Jornal De Fato

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